Outras origens dos ramos do norte
por FILGUEIRA, Prof. Marcos Antônio. 2001
Já se vão aí, talvez, uns vinte anos que me dedico ao hobby da
genealogia, procurando os meus ancestrais. Dentre as várias famílias de que
descendo, está a Filgueira (quando eu não utilizar o "s" final não foi por
engano mas por assim se encontrar nos registros pesquisados). Apesar de
todos os meus esforços, não consigo com segurança ir além de Francisco
Filgueira de Melo, nascido provavelmente em torno de 1770-80, já que um seu
filho nasceu em Mossoró-RN em 1803. Ele era natural de Iguatu, na região do
Cariri cearense.
Não sei se houve outros filhos e desconheço detalhadamente os descendentes
destes casais.
Mais antigo que estes, são, por aqui, os Soares Filgueira, com destaque
para Joana Filgueira de Jesus e seu irmão João Soares Filgueira que foi
casado com a cristã-nova Joana da Fonseca Rego, cujos pais foram
penitenciados pela inquisição, o que leva a idéia de que esses Filgueiras
sejam da mesma estirpe ( escrevi um livrinho intitulado "OS JUDEUS FORAM
NOSSOS AVÓS", onde faço constar essa nossa família). Estes irmãos eram
filhos de um Fulano Soares Filgueira e de Ana Cesar de Andrade, vindos de
Pernambuco. Joana deve ter nascido em torno de 1700. Cito a seguir alguns
outros indivíduos dessa família para seu registro.
- Lourança Filgueira, judia que em 1619 estava em Amsterdã e depois se
passou para o Brasil.s.m.n.
- Manuel Folgueira Valadares, português de Viana, cristão-novo, comerciante
na Bahia, procurador de comerciantes israelitas.
- Gil Lopes Filgueira, "filho de um galego tido por fidalgo", em
Pernambuco. Ele e a irmã Isabel Filgueira deixaram descendentes que acredito
não seguiram o apelido. Parentes desses eram com certeza os militares
Antonio Lopes Filgueira e seu filho Pedro Lopes Filgueira que em torno de
1686, viviam também em Pernambuco.
- Bartolomeu Filgueira Soares, português, filho de Antonio Filgueira,
natural de Viana, no sec. XVII, na Bahia. deixou descendentes de onde é
provável venham os desse sobrenome naquele estado.
- Nicolau Gonçalves Filgueira (as vezes grafado Figueira), não sei precisar
a data de sua estada em PE mas deverá ser no sec. XVII. Este foi casado com
Ana Bandeira de Melo, c. s. em Porto Calvo.
- Manuel Dias Filgueira, comerciante na Bahia. Em 1710, pediu sesmaria no
Ceará. Tido por José Gonçalves Salvador (pesquisador da história dos
cristãos-novos no Brasil) como cristão-novo. Era riquíssimo, traficante de
escravos e detinha o estanco do sal. Para mim, deve ter sido o responsável
pela vinda dos vários ramos dessa família para o Ceará.
Duas coisa pode-se ver do exposto acima:
- A lenda genealógica, presente em quase toda família brasileira, dos dois
ou três irmãos que se distribuem pelo pais, não pode ser verdadeira para
todos os ramos da família, pois vários são os indivíduos que se passam para
o Brasil.
- Deve ter um fundo de verdade a história da origem semita pois tanto por
aqui (Ceará/Rio Grande do Norte), como nos ramos geograficamente distantes,
mantém-se essa tradição, alem dos raros, porem consistentes exemplos
históricas a esse respeito.