O que sei da história
Aqui deixo tudo que pude pesquisar sobre a origem da família
Filgueiras, e passo a dar as notícias; Mais de uma vez ouvi de meu pai
que os Filgueiras no Brasil descendem todos de três irmãos
portugueses que vieram para o Brasil, em data que ele não sabia;
aqui se separaram: um foi para o norte, outro se localizou nas Minas Gerais, do
qual descendem os Gonçalves Filgueiras de Leopoldina (
), e outro foi para
o sul. De quem obteve essas informações nunca lhe ouvi dizer:
de seu pai, de seus tios, de seus avós? Nunca soube; fica aí a
interrogação. O certo é que há muitos Filgueiras
espalhados por todo o Brasil.
Do irmão que foi para o norte
Um dos constituintes da 1ª
constituição brasileira foi o baiano
Leovigildo Filgueiras, que
tem seu nome perpetuado numa das ruas de Salvador. E há muitos
Filgueiras da Bahia no Maranhão, principalmente em Pernambuco e
Ceará. Neste, na cidade de Barbalha, informou-me um sobrinho que
lá esteve, ser grande o número de famílias assinam
Filgueiras. Li em páginas da Revista do Instituto Histórico e
Geográfico de Minas Gerais, notícia de um Filgueiras de grande
projeção social e política, nascido na Bahia e que viveu
desde os quatro anos de idade no Cariri, perto de Barbalha, o qual teve
participação importante na história política do
Nordeste a partir de 1817; teve papel destacado na lista da independência
do Ceará, Piauí e Maranhão. Chefiando o movimento, se
deslocava do Ceará, passando pelo Piauí e já se achava no
Maranhão, próximo a Caxias, quando recebeu carta de D. Pedro I,
datada de 16 de abril de 1823, encarregando-o de reunir força e marchar
para o Maranhão a fim de libertar a província do jugo opressor.
Em Caxias, último reduto das forças aliadas à coroa
portuguesa, rendeu-se ao exército independente, chefiado por
José
Pereira Filgueiras, que muito contribuiu para a independência do
Maranhão, melhor dizendo, conseguiu colocar o Maranhão na
comunhão do Império, restando a Cochrane apenas a formalidade da
proclamação da Independência na Capital. Diz o historiador
Oliveira Lima que o título de Marquês dado a Cochrane mais
justamente competiria ao Capitão-mor Filgueiras. Este era tido por
cearense, pois viveu no Ceará desde os quatro anos de idade, mas na
verdade era baiano; pois nasceu em Campos da Cachoeira, freguesia de Nossa
Senhora da Oliveira. No Ceará, viveu no Cariri, na proximidade de
Barbalha, nos sítios de Santana e São Pedro, ou São Paulo,
creio. Em Crato, Ceará, ficou sua família após seu
falecimento, e aí está sua estátua.
Narra esta mesma revista já citada que "esse grande herói da
guerra da independência do Nordeste, pelo prestígio que
alcançou, foi convidado pelo Presidente da Confederação
do Equador - Manoel de Carvalho Pais de Andrade - a ir em socorro de Pernambuco.
Tendo fracassado a Confederação de Pernambuco "José Pereira
Filgueiras capitulou em Exu, em 8 de novembro de 1824. Preso, ia sendo levado
para o Rio, através do Rio S. Francisco, quando, afirmam vários
historiadores, morreu de febre palustre, em São Romão, localidade ao
norte de Minas Gerais (
), á margem do São Francisco. Mas continua
o professor Waldemar de Almeida Barbosa que assina estas notícias na
citada revista: "oficialmente
José Pereira Filgueiras
morreu de febre
palustre, no São Francisco", mas a verdade é outra, embora
não registrada até hoje por nenhum autor: José Pereira
Filgueiras escapulira da escolta que o conduzia e desapareceu pelos
sertões do norte de Minas, com seu filho Joaquim, estabelecendo-se
ao norte de Minas, onde se tornara proprietário da Fazenda
Perdigão, que deu seu nome ao atual município desse nome.
Antes se denominava Saúde, mudado para Perdigão pelo decreto-lei
número 158, de 31 de dezembro de 1943. Compreende-se a razão de
terem os soldados da escolta não confessado a fuga, preferindo
dá-lo por morto".
Este casal
teve dois filhos, ambos nascidos na Fazenda:
Francisco Alves Filgueiras Campos e
Antônio Alves Filgueiras Campos. Este fixou-se em Pitangui, diz Waldemar
de Almeida Barbosa, e foi o formador e proprietário da Fazenda do Engenho,
a uns quatro quilômetros de Pitangui e "aí se tornou um dos
líderes do Partido Conservador"; o primeiro, Francisco Alves Filgueiras
Campos, permaneceu na Fazenda Perdigão, casou-se com
D. Balbina
Álvares de Sousa e Silva, e foram os avós maternos do ministro
Francisco Campos. O casal teve uma única filha -
Azejúlia
(apelidada por Julica), que se casou com o
Dr. Jacinto Álvares da Silva
Campos, 2º juiz de direito de Dores do Indaiá. Estes foram os pais do
ministro Francisco Campos, do qual o nome completo é Francisco
Luís da Silva Campos e eram seus irmãos: Francisco de Sousa Campos,
Alice de Sousa Campos, Francisco José da Silva Campos, Jacinto
Álvares da Silva Campos, Maria Ismênia da Silva Campos, José
Álvares da Silva Campos, Mário Álvares da Silva Campos,
Odete Álvares da Silva Campos, Alberto Álvares da Silva Campos.
Todos são Filgueiras pela linhagem materna, pois sua mãe - D.
Azejúlia, apelidada de Julica - era filha de Francisco Alves Filgueiras
Campos. Informa ainda o professor Waldemar de Almeida Barbosa que o avô
materno do ministro Francisco Campos morreu no Maranhão, onde fora talvez
contactar membros da família de seu avô José Pereira
Filgueiras. Sendo homem de muitas posses, muito rico, para empreender esta
longa viagem, uma aventura àquela época, registrou seu testamento,
e foi o seu testamenteiro seu irmão
Antônio Alves Filgueiras Campos,
e que também criou sua filha Julica, esta que veio a ser mãe do
ministro Francisco Campos.
Antônio Alves Filgueiras Campos, como já se disse, o 2°
irmão de Francisco Alves Filgueiras Campos, netos de José Pereira
Filgueiras, não ficou em Perdigão; mudou-se para as proximidades
de Pitangui, e veio a ser o proprietário da Fazenda do Engenho, a uns
4 km. de Pitangui, "onde se tornou um dos líderes do Partido Conservador".
Sua figura é descrita pelo Dr. Agenor Lopes Cançado Filho "como
um aristocrata, um fidalgo, impecável no seu terno de linho, na
desenvoltura do porte, na elegância de sua figura varonil". E ainda
acrescentou: "A vida de Antônio Alves Filgueiras reclama maiores detalhes,
talvez um livro, que eu me proponho a escrever, se para tanto me sobrar alguma
folga". (Texto transcrito da Revista do Instituto Histórico e
Geográfico de Minas Gerias, assinado pelo Prof. Waldemar de Almeida
Barbosa). E continua o texto: "São muitos os descendentes dos
Filgueiras existentes em Pitangui e espalhados por toda a Minas Gerais, como,
por exemplo o Dr. José Caetano Machado, professor na Faculdade de
Medicina da UFMG, bisneto de Antônio Alves Filgueiras Campos, o professor
José Filgueiras Sobrinho, neto do mesmo Antônio, residente em
Perdões".
Segundo informação de Jane, uma descendente dos Filgueiras de Pitangui,
que fiquei conhecendo em Ipatinga, Minas Gerais, parece-me que este citado professor na
Revista citada é sobrinho do Eng.º Agrônomo José Alves Filgueiras,
de quem ela me disse em agosto de 87, data de nossa conversa, que ele foi professor nos
colégios Gramon e Grambery, estava com 98 anos, residia agora em Perdões, pai
do Dr. Walbert, médico que dirige um hospital em Campo Belo e do Dr. Herbert juiz de
direito. Jane o dá como filho de Antônio Alves Filgueiras, logo neto de Joaquim
Alves Filgueiras e bisneto de
José Pereira Filgueiras, o capitão-mor que viveu
no Ceará, grande figura nas lutas da independência do Nordeste e que, por
motivos políticos, vinha preso para o Rio, através do rio São Francisco,
e em fuga se embrenhou pelos sertões do norte de Minas Gerais. Outra notícia
de Jane para conferir: o Dr. José Caetano Machado, citado na revista como professor
na Faculdade de Medicina da UFMG, não será o médico cancerologista
citado por Jane? Desta ouvi citações de muitos Filgueiras, coincidindo com as
citações do Dr. José Caetano Cançado em sua entrevista.
Por exemplo ambos citaram
Antônio Alves
Filgueiras Campos como o 1º dono da Fazenda do Engenho, acrescentando o Dr. José
Caetano Cançado que ele era seu bisavô materno, e diz que os Filgueiras tinham
vindo do Norte, não sabia se de Sergipe ou de Alagoas, ou ainda do Ceará. Diz
também que seu bisavô tinha um irmão e comerciavam muito com a Bahia,
eram escravagistas, portanto poderosos, tinham dinheiro para comprar escravos para
usá-los nas suas fazendas. A Fazenda do Engenho de seu bisavô, que ele conhece
e existe até hoje, era a maior produtora de café de Minas. Numa de suas
viagens à Bahia em que foram os dois irmãos comprar escravos, o irmão
de seu bisavô morreu. Na sua entrevista ele dá a este tio bisavô o nome
de João, mas na citada Revista é Francisco, como já citamos nestas
notas. A lista dos nomes citados por Jane e pelo Dr. José Caetano Cançado
é extensa e são os Filgueiras localizados em Belo Horizonte, Pitangui (
),
Perdigão, Dores do Indaiá, Lavras, Campo Belo, Perdões, e ambos citaram
no Rio "o Dr. José Alves Filgueiras, médico de grande nome, tendo sido
também Diretor do Teatro Municipal, homem de muita cultura e importância que
deixou no Rio de Janeiro (
) uma descendência muito brilhante: seu filho Kleber Filgueiras
era médico oftalmologista e trabalhou com o Dr. Moura Brasil". Há no Rio,
bairro do Riachuelo, uma rua com o nome Filgueiras Lima, e o Dr. José Caetano Cançado,
em sua entrevista, menciona: "Lá no Ceará tem Filgueiras Lima, que são
importantíssimos, deputados, etc.". De tudo que ouvi e li, concluo que os Filgueiras
citados sejam descendentes do Filgueiras português que se dirigiu para o Norte do
país. Tenho notícias também de um médico Filgueiras no Recife,
que tem uma filha estudiosa da origem da família Filgueiras, e já possui boa
matéria no assunto.
Do irmão que foi para a província de Minas Gerais
Agora vejamos as notícias do Filgueiras que, segundo ouvi, rumou para o centro do
país, localizando-se na província de Minas Gerais, do qual descendem os
Gonçalves Filgueiras da região de Leopoldina.
Não me lembro de ouvir meu Pai (
Alfredo Gonçalves Filgueiras) falar no seu avô paterno; é certo que
mencionava sempre seus tios paternos
Antônio Gonçalves Filgueiras e
Manoel
Gonçalves Filgueiras, irmãos de seu pai
Elias Gonçalves Filgueiras,
todos da região da Leopoldina, tendo saído daí por ocasião da
abolição da escravatura. Eram fazendeiros e a situação se lhes
tornou difícil. O meu avô Elias Gonçalves Filgueiras se dirigiu para a
região de Carangola (
). Primeiramente foi administrador da Fazenda do Banco
(qual Banco não sei) que ficava em São José da Pedra Dourada (
),
conhecida por Soca, região a distância mais ou menos igual de Tombos,
Faria Lemos e Carangola. Daí foi administrar fazenda ao norte de Carangola e, para
facilitar o estudo para os filhos veio residir na cidade de Carangola, onde foi agente do
Correio local. Meu avô teve 2 matrimônios; do 1º ficaram-lhe 3 filhos:
Do 2º matrimônio eram:
- tia Flausina Gonçalves Filgueiras,
a mais velha, mãe de Sílvia e Consuelo, foi casada com o Capitão
Deslandes que tem o seu nome lembrado numa das ruas de Cachoeiro de Itapemirim - ES ();
- tia Corina Gonçalves Filgueiras,
professora estadual no Espírito Santo, teve 2 matrimônios;
não tendo filhos, faleceu em Rolândia (), Paraná;
- tia Celina Gonçalves Filgueiras,
casada com Romão Batista de Morais, eram os pais de Synval
Filgueiras de Morais, Dinorah, Azenath, Ismar e Adar;
- tia Teófila Gonçalves Filgueiras,
casada com Tomás Fonseca, pais de Biluca (Harlowe),
Grinalson, Hudson, Wilson (Velho), Jackson, Philomena, Consuelo e Teófilo;
- tia Zulina Gonçalves Filgueiras,
casada com Jacques Catta Preta, pais de Jaquinho, Alva, Ondina e Paulo;
- tia Jovita Gonçalves Filgueiras
morreu solteira;
- tio Francisco Gonçalves Filgueiras
morreu solteiro com febre amarela;
- tio Cristiano Gonçalves Filgueiras
era dentista, morreu em Alegre - ES ();
- tio Virgílio Gonçalves Filgueiras
morreu adolescente;
- tio Horácio Gonçalves Filgueiras e
- papai Alfredo Gonçalves Filgueiras,
foi professor, diretor proprietário de colégio toda a sua vida.
Todos os irmãos assinavam Gonçalves Filgueiras.
O meu tio-avô Antônio Gonçalves Filgueiras faleceu em viagem em Bom Jesus do Itabapoana - RJ (
), deixando a família em Tebas de Leopoldina (
), vindo eu a conhecer em Faria Lemos sua viúva - tia Teófila - e seus filhos: Floripes, Clotilde, Hercília, Ataliba e Pautílio; Lafaiete havia falecido, Antonico, era casado com Leonor estava morando no Caparaó (
) e Herculano lá para os lados de Mutum; das moças citadas havia mais a Mariquinha (maiores informações sobre os descendentes de Antônio Gonçalves Filgueiras no texto "
Família do Papai").
O outro meu tio-avô Manoel Gonçalves Filgueiras, saindo de Leopoldina (
) veio localizar-se em Porto Novo do Cunha; hoje Além Paraíba (
), onde era cultivador de café, dono da Fazenda Estrela. Eram seus filhos: Cristiano Gonçalves Filgueiras, Alfredo Gonçalves Filgueiras, Virgílio Gonçalves Filgueiras, Adamastor Gonçalves Filgueiras, Alcides Gonçalves Filgueiras, Sinval Gonçalves Filgueiras, Maria do Rosário (Mariquinha e Cocota), Corina (Lina), Azulina (Nenê), Hercília (Cilica) e Sofia. Esta completou dia 13 de maio de 1990, cento e dois anos, pois, segundo a mesma em entrevista a uma repórter do Jornal Estado de Minas, na 1ª semana de maio de 1988, disse ter nascido às 9 h. da manhã do dia 13 de maio de 1888, data da assinatura da Lei Áurea. Está com pouca vista, mas bem de memória e mora com a filha Yolanda em Belo Horizonte, bairro de Santa Teresa, Rua Dores do Indaiá (maiores informações sobre os descendentes de Manoel Gonçalves Filgueiras no texto "
Família do Papai").
Notemos que os homens descendentes dos 3 irmãos que saíram da região de Leopoldina assinam Gonçalves Filgueiras.
Do irmão que foi para o sul
Do 3º irmão português de que ouvi ter rumado para o sul, não tenho qualquer notícia. (No dia 08/09/91 ouvi em casa do Antônio Filgueiras, neto da tia Teófila, que reside em Piratininga, que este que foi para o Sul localizou-se em Santa Catarina).
NOTA: Dou aqui por terminadas as notícias que tenho dos Filgueiras quanto à sua origem e ramificação no Brasil.