Antônio Alves Filgueiras Campos
Pais:
Antônio Alves Filgueiras Campos
Extraído do Livro "Figuras e Fatos do Meu Tempo",
de "Joaquim Patrício"- pseudônimo do Dr. Agenor Lopes
Cançado - Filho do Major Agenor e Maria Carolina
Filgueiras Cançado - Tia Cota
Não gostava que lhe chamassem assim, mas, o apelido lhe
ficava muito bem. Ântonio Alves "Ferro", tinha realmente uma
fibra moral feita de aço e ferro, revelada nos gestos e
atitudes.
Impressionante à linha, o temperamento desse ancião,
sempre muito bem cuidado, impecável no seu terno de linho, na
desenvoltura de seu porte, na elegância de sua figura
varonil.
Ao vê-lo, vinha-me à mente o Athos, o mais fidalgo
dos Três Mosqueteiros, com quem muito se assemelhava no
físico e no comportamento. A fidalguia era inata em
Antônio Alves "Ferro".
Inteligência privilegiada, sem haver frequentado
cursos, conhecia História e Geografia, matérias de
sua preferência.
Foi neto de interessante figura de nossa História, pelo
destaque que lhe coube na chamada "Confederação do
Equador". Realmente, sabe-se que
José Pereira Filgueiras,
vencidos os revoltosos de 1824 em Pernambuco, subiu o São
Francisco e chegou até o sítio onde fundou a "Fazenda
do Perdigão", hoje próspera comuna mineira.
O Coronel Filgueiras (José Pereira Filgueiras)
nosso biografado, chegou em Pitangui (
),
há quase um século, portador de avultados bens e
contraiu feliz casamento com
Nhanhá, a mais bonita das
filhas do Major Bahia, patriarca da sociedade Pitanguiense.
Antônio Alves Filgueiras era proprietário de vasto
latifúndio e sua "Fazenda do Engenho", está hoje
dividida em cinco propriedades de vasta extensão territorial.
Dispunha de muitos escravos e isso constituiu sua principal fortuna.
Ainda assim, nunca se mostrou escravagista, porque seu espírito
legal, tendia para a abolição, que ele recebeu
conformado. A maioria dos pretos de suas senzalas queria muito bem
ao velho "Senhor de Engenho", que sempre lhes deu assistência
e cuidados sem os rigores e castigos tão comuns nesse tempo.
Assim liberados, continuaram todos a trabalhar no mesmo ritmo e com
igual interesse, sem prejuízo da rotina agrícola da
Fazenda do Engenho.
Tenho comigo um livro de anotações, em que FILGUEIRAS,
do próprio punho, com o seu belo cursivo de linhas
clássicas, fazia comentários dos fatos importantes de
sua vida, deixava conselhos para os filhos mostrava a grandeza de
suas atitudes. "Até hoje perdi 286 contos, no jogo, nunca
mais pegarei em cartas e peço a meus filhos que façam
o mesmo, porque o jogo é o pior dos vícios". Isso em
1896, quando 286 contos representavam enorme fortuna. Na verdade,
nunca mais jogou, apenas pelo São João e Natal,
comprava uns gasparinos, que nunca lhe deram sorte. Havia muitas
anotações dessa ordem, todas mostrando que esse homem,
raro no seu tempo e raro ainda hoje. Outro conceito do seu caderno
de notas: "Até esta data jamais devi um tostão a quem
quer que seja, e se alguma pessoa se apresentar como meu credor,
estejam certos de que a dívida não é
verdadeira".
A vida de Antônio Alves Filgueiras reclama maiores detalhes,
talvez num livro que proponho a escrever, se para tanto me sobrar
uma folga.
Deixou descendência enorme, muitos netos, bisnetos e
tetranetos.
As mulheres são outras tantas Cornélias. Os homens,
figuras de relevo nos parlamentos, nas cátedras
universitárias e nos tribunais de justiça.
(Última atualização: Março de 2001)